quarta-feira, 26 de março de 2008

Tobias das Birras






Na rua onde o Tobias vivia, todos o conheciam por Tobias das Birras.

Por onde ele passasse lá se ouvia :
- ààààààààààààààààà!

E depois lá se dizia:
- É o Tobias das Birras!

Nunca ninguém se enganava, mesmo que não o tivessem visto.
Já todos conheciam aquele ààààààààààààà!

O senhor Francisco do quiosque, o senhor Manuel da pastelaria, a dona Amélia da peixaria, a dona Ana da merceria, a dona Quitéria da loja de animais, o senhor Orlando da farmácia... E isto só para mencionar algumas pessoas! E já era certo e sabido que começado aquele ààààààààààà... nunca mais ele parava.

Mas um dia aconteceu uma coisa incrível, daquelas que vêm nos jornais e tudo.

Numa certa manhã, o Tobias fez uma birra tão grande, tão grande que atraiu a dona Emília à janela do seu terceiro andar. Achando ela que se devia meter na birra, correu o vidro da janela e ...pumba! Caiu e veio por ali abaixo às cambalhotas com as sardinheiras atrás.

Nesse preciso momento um barulho de escape roto e um forte cheiro a gasolina romperam pela multidão aflita.

Era o senhor Gustavo da mota de gelados que surgia montado na geringonça com o enorme guarda-sol aberto preparado para amortecer a queda da dona Emília.
- Saiam daí! - Ordenou ele de capacete posto, pelo sim, pelo não que a dona Emília ainda pesava uns quilinhos.

A clareira de pessoas abriu e mesmo no meio do guarda-sol aterrou a dona Emília que, diga-se, ficou todo escangalhado. Isso pouco importava, porque se tinha salvo a dona Emília mais as sardinheiras que o senhor Gustavo teve tempo de agarrar como se estivesse no circo. As pessoas bateram palmas e tudo!

O Tobias na fila da frente estava espantado, de boca aberta, a olhar para o senhor Gustavo com mota aos círculos, de vasos na mão e com a dona Emília sentada no guarda-sol a dizer adeus.

Este foi o único dia em que o àààààààààààà do Tobias parou. Nos dias seguintes, voltou ao mesmo. Bem que se pedia ao senhor Gustavo e à dona Emília para repetirem o número, mas eles não iam na conversa...
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